Com US$ 163 milhões exportados apenas nos quatro primeiros meses do ano, atrito entre presidentes pode impactar economia sul-mato-grossense.

A recente troca de farpas entre o presidente Lula (PT) e o presidente norte-americano Donald Trump acendeu um alerta para o setor exportador de Mato Grosso do Sul, especialmente no que diz respeito à relação comercial com os Estados Unidos. Em 2024, os EUA ocuparam o posto de segundo maior destino das exportações sul-mato-grossenses, respondendo por 6,7% do total, com um montante de US$ 669,5 milhões.

Somente nos quatro primeiros meses de 2025, o estado já exportou US$ 163,3 milhões aos Estados Unidos — um recorde no período. O principal destaque é a celulose, impulsionada pela operação da nova unidade da Suzano em Ribas do Rio Pardo, considerada a maior planta de celulose em linha única do mundo. A carne bovina também teve desempenho expressivo, com crescimento de 34,4% nas exportações para os EUA no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período de 2024.

Além da celulose e da carne bovina, Mato Grosso do Sul também exporta soja, produtos semiacabados de ferro e aço para o mercado norte-americano. O receio agora é que a disputa política entre Lula e Trump possa interferir nessa dinâmica comercial.

A tensão aumentou após Trump sair em defesa do ex-presidente Bolsonaro (PL), classificando como “caça às bruxas” o processo penal que o líder da direita brasileira enfrenta. “Deixem Bolsonaro em paz”, escreveu Trump em suas redes sociais. Lula, por sua vez, rebateu: “Não palpite sobre nossa vida”.

A situação se agravou quando Trump ameaçou impor tarifas de 10% a países que se aproximarem do bloco dos BRICS, justamente no momento em que a cúpula do grupo ocorre no Rio de Janeiro. Quatro dias atrás, Lula pousou ao lado da ex-presidente argentina Cristina Kirchner — condenada por corrupção, e pediu sua liberdade, em clara interferência na Justiça e na soberania argentina.

Analistas avaliam que a escalada retórica entre os líderes pode provocar consequências econômicas diretas. A imposição de tarifas ou restrições comerciais pelos EUA teria impacto imediato sobre a arrecadação e o desempenho das exportações do Brasil, especialmente nos setores que hoje são os mais dinâmicos da balança comercial estadual.

Fonte: Redação Fato 67