O maratonista Rodrigo Sobral Santana, de 33 anos, encontrou em Mato Grosso do Sul o cenário ideal para continuar sua trajetória nas corridas de rua. Natural de Lagarto, em Sergipe, ele morou por dez anos em Santos (SP), onde iniciou sua história no pedestrianismo, até se mudar para Dourados, no interior do estado, em 2018. De lá para cá, adaptou-se ao clima local, equilibrou a rotina entre o trabalho e os treinos e conquistou títulos importantes no calendário estadual.
“Comecei a correr em 2014 por incentivo dos amigos e da minha esposa, na época namorada, a qual me inscreveu para fazer minha primeira prova 7K VTV Transbrasa em Santos/SP. Daí pra frente não parei mais de fazer as corridas de pedestrianismo”, relembra.
O início empolgado deu lugar à seriedade dos treinos. Pouco tempo depois, Rodrigo foi convidado para representar a Prefeitura de Santos pela equipe Memorial/Fupes. Passou a se dedicar também às corridas de pista, disputando provas como os 1.500 metros, 5 e 10 quilômetros nos Jogos Regionais e nos Jogos Abertos do Estado de São Paulo. Mesmo competindo em distâncias curtas, não deixou de encarar desafios maiores, como as corridas de 21, 23 e até 25 km.
Foi nesse período que colecionou um feito notável: “Fui campeão e recordista por três anos da prova de montanha dos 23 km de Igaratá/SP”.
A mudança para Dourados aconteceu em 2018, quando sua esposa foi aprovada em um concurso público. Mesmo longe dos grandes centros, Rodrigo manteve sua rotina de treinos e, aos poucos, passou a competir em provas locais. “Continuei treinando corrida de rua, pois é um hábito saudável e prazeroso que pretendo levar para a vida toda”, diz. Hoje, seu treinador é Caio Pompeu.
Em 2022, estreou oficialmente como maratonista, com a participação na tradicional Maratona de Foz do Iguaçu. No mesmo ano, correu a Corrida do Pantanal, em Campo Grande, terminando em sexto lugar geral nas duas competições. A transição para as longas distâncias, segundo ele, exigiu uma preparação diferente, com foco em volume de treinos, alimentação, suplementação e fortalecimento muscular. “Fascinei em correr 42 km”, afirma.
Rodrigo explica que atualmente deixou de competir em provas curtas de pista e mantém o foco em distâncias de 5 a 21 km, conciliando com maratonas quando há possibilidade de se preparar adequadamente. Autônomo, trabalha como eletricista industrial, predial e residencial, além de ser técnico em eletrotécnica e acadêmico de Empreendedorismo e Novos Negócios. A rotina intensa por vezes impacta a qualidade dos treinos.
“Tem semanas intensas que não consigo entregar treinos de boa qualidade devido ao cansaço, porém tem semanas que me supero nos treinamentos”, relata.
Mesmo com os desafios, Rodrigo acumula conquistas expressivas em Mato Grosso do Sul. Foi campeão da Meia Maratona Internacional de Assunção em 2023, venceu os 10 km da Ravieira no mesmo ano, e, em 2024, foi campeão da Maratona de Campo Grande. Também obteve o terceiro lugar no Campeonato Estadual de 2023, alcançando índice para o Troféu Brasil. É tricampeão da Corrida da Fogueira, em Jateí (MS), e bicampeão da Corrida Sicredi, em Maracaju.
Sobre o clima, garante que encontrou vantagem competitiva em correr sob o calor sul-mato-grossense. “Quando mudei para o MS acredito que melhorei meu desempenho. Afinal, sou do Nordeste, acostumado com o calor. Não sou fã do frio, apesar de já ter treinado em temperaturas bem baixas aqui também”, brinca.
A trajetória de mais de uma década nas corridas também teve obstáculos. Lesões como canelites, tendinopatias, e problemas no tornozelo, joelho e quadril o acompanharam, mas o episódio mais desafiador foi uma pubalgia. “Foi um tempo focado na minha recuperação. Com acompanhamento médico e muita fisioterapia, graças a Deus tenho a melhor em casa”, diz, referindo-se à esposa, que também é sua fisioterapeuta.
Hoje, Rodrigo se define como um atleta amador. “Atualmente não corro mais profissionalmente, logo me considero um atleta amador. Meu foco é Deus, trabalho e família, porém a corrida é uma paixão que nunca vai passar.”
Com o olhar no futuro, ele lista três sonhos: subir ao pódio na Corrida do Pantanal, competir os 25 km de Aracaju — sua cidade natal — e correr provas nos Estados Unidos. “Quero levar minha família para passear na Disney e aproveitar para correr as famosas corridas em Orlando.”
Para quem está começando, ele deixa um conselho: “Procure um treinador ou assessoria para dar um suporte técnico direcionado para sua necessidade e progrida com cautela nas distâncias. O difícil não é correr uma maratona, e sim treinar para ela, mas o processo e a evolução são prazerosos. Com foco, força e fé, a gente consegue chegar lá. Você vai se apaixonar. Confie no processo”.
Fonte: Redação Ssporte Ágil